
terça-feira, 20 de maio de 2008
BIOGRAFIA AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA
Affonso Romano de Sant'Anna nasce em Belo Horizonte, no dia 27 de março de 1937, filho de Jorge Firmino de Sant'Anna, Capitão da Polícia Militar mineira, e de D. Maria Romano de Sant'Anna.Criado em Juiz de Fora, tem uma infância de menino pobre, trabalhando desde muito cedo para pagar seus estudos. Entre um e outro biscate, aproveita para ler os livros que consegue nas bibliotecas do Serviço Social da Indústria (SESI). Filho de pais protestantes, é criado para ser pastor. Aos 17 anos prega o evangelho em várias cidades de Minas Gerais, visita favelas, prisões e hospitais, convivendo com pessoas pobres e sofridas. Leva a elas sua mensagem. Essa experiência irá influir, futuramente, no estilo de seus textos e poesias, com forte conteúdo social.Custeia seus estudos na Faculdade de Letras de Belo Horizonte, tornando-se bacharel.Em 1956, esteve envolvido com movimentos de vanguarda e, no ano seguinte, com sua voz de barítono, passa a fazer parte do "Madrigal Renascentista", à época regido pelo maestro Isaac Karabtchevsky.Fez parte dos movimentos que transformaram a poesia brasileira, sempre interagindo com grupos inovadores e construindo sua própria linguagem e trajetória. Data desta época a participação nos movimentos políticos e sociais que marcaram o país. Como poeta e cronista, foi considerado pela revista "Imprensa", em 1990, como um dos dez jornalistas formadores de opinião por desempenhar atividades no campo político e social que marcaram o país nos anos 60.Coloca em seu primeiro livro, lançado em 1962, "O Desemprego da Poesia", seu inconformismo com a atuação do poeta da época que não possuía a força dos poetas do século XIX. Analisa o desencontro do poeta no seu tempo e sua frustração pessoal. O poeta era tido como um ser boêmio, romântico, fora de época.Em 1965, muda-se para Los Angeles onde, durante dois anos, dá cursos de Literatura Brasileira na Universidade da Califórnia. Nasce sua primeira filha, Fabiana. Lança seu primeiro livro de poesias "Canto e Palavra".Em 1968, retorna aos Estados Unidos para, durante dois anos, participar como bolsista do International Writing Program, na cidade de Iowa, dedicado a jovens escritores de todo o mundo. Apresenta, na Universidade Federal de Minas Gerais, em 1969, sua tese de doutoramento "Carlos Drummond de Andrade, o Poeta "Gauche", no Tempo e Espaço", publicada em 1972 e que lhe garantiu os quatro prêmios mais importantes no universo literário brasileiro.Casa-se, em 1971, com Marina Colasanti, escritora e jornalista, segundo ele sua melhor crítica e também musa inspiradora.Nasce, em 1972, sua segunda filha, Alessandra. Leciona na Pontifícia Universidade Católica - PUC e na Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ.De 1973 a 1976, dirige o Departamento de Letras e Artes da PUC/RJ. Para o curso de Pós-Graduação em Letras, realizado em 1976 na PUC/RJ, promove a vinda de conferencistas internacionais, entre os quais Michel Foucault, sociólogo francês. Houve grande repercussão da visita de Foucault ao país, que se encontrava em pleno regime ditatorial. Lança seu segundo livro de poesias "Poesia sobre Poesia".Em 1976, volta aos Estados Unidos para lecionar Literatura Brasileira na Universidade do Texas.Em 1978, torna-se professor de Literatura na Universidade de Colônia, na Alemanha. Lança "A grande fala do índio guarani".Lança, em 1980, o livro de poesias "Que país é este?", cujo poema título é publicado com destaque pelo "Jornal do Brasil". Leciona, durante dois anos, na Universidade Aix-en-Provence, na França, como professor visitante.Em 1984, assume no "Jornal do Brasil" a coluna anteriormente escrita por Carlos Drummond de Andrade, o que viria confirmar a opinião do conhecido crítico Wilson Martins de que o biografado seria o sucessor de Drummond. O jornal publica seus poemas na página de política, e não no suplemento literário, iniciativa pioneira e insólita, o que faz com que Sant'Anna mude seu conceito sobre o próprio emprego do poeta na sociedade. Percebe mais claramente que a função do poeta está vinculada, primeiramente, ao fato de que ele precisa ter uma linguagem eficiente, ter domínio de todas as técnicas, falar sobre assuntos que interessem às pessoas em geral, sem narcisismo nem subjetivismo, e encontrar um veículo eficiente para projetar o seu trabalho, no caso o jornal. Considera o livro ainda muito elitista, sofisticado, de acesso impossível às camadas mais pobres de nossa sociedade. Saber que seus poemas, como: "A Implosão da Mentira", "Que país é este?" (traduzido para o espanhol, inglês, francês e alemão) e "Sobre a atual vergonha de ser Brasileiro", estavam sendo lidos nas casas, nas praias, nos clubes, transformados em poster e colocados nas paredes de escritórios e sindicatos, em muito o gratifica e o ensina que os poetas têm que re-achar o seu lugar existencial e estético dentro da sociedade.Publica pela Editora Rocco seu primeiro livro de crônicas, "A Mulher Madura", em 1986.Em março do ano seguinte participou do Congresso "Les Belles Etrangères", onde foram reunidos dezenove escritores brasileiros em Paris e no mesmo ano publica com sua esposa a antologia "O Imaginário a Dois".Em 1989 participou do "IV Encontro de Poetas do Mundo Latino", realizado no México.Em 1990, nomeado Presidente da Fundação Biblioteca Nacional (a oitava maior biblioteca do mundo, com mais de oito milhões de volumes), cargo que ocupa até 1966, onde defronta-se, na prática, com sua própria frase a respeito do país: "Nós estamos muito à frente, mas estamos ainda muito atrás de nós mesmos". Informatiza a Biblioteca, cria o Sistema Nacional de Bibliotecas, reunindo 3000 instituições e o PROLER (Programa de Promoção da Leitura), que contou com mais de 30000 voluntários em 300 municípios brasileiros. Lança a revista "Poesia Sempre", de circulação internacional, e apresenta edições especiais sobre a América Latina, Itália, Portugal, Alemanha, França e Espanha.Preside o Conselho do Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e no Caribe (CERLALC), no período 1993/1995), sendo também o Secretário Geral da Associação das Bibliotecas Nacionais Ibero-Americanas (1995/1996), que reúne 22 instituições.Cronista do jornal "O Globo", tem também participação em programas na TV Globo onde cria um novo gênero, algo entre a literatura e o jornalismo. Durante a Copa do Mundo, a TV Globo encomenda-lhe dez textos sobre os jogos, que deveriam ser escritos num espaço de duas horas, ligados à imagem e inteligíveis pelo país inteiro. O mesmo acontece com relação à Fórmula I. Também, nesse mesmo gênero, escreveria um poema por ocasião da morte do Presidente Tancredo Neves. Na sua opinião, a televisão, ao contrário do que muitos dizem, não veio para acabar com a literatura. É um veículo moderno e eficiente de promoção da literatura.